Cap. 1 – O inicio.
Lembro-me perfeitamente. Usava um chinelo rosa, estilo riddher, com uma fivela, também rosa em cima da faixa de material sintético que dava a forma de chinelo ao chinelo. Nessa época meu pai era calmo, minha mãe sorria mais facilmente. Eu era apenas uma criança apaixonada pelos pais, que todo domingo de manhã ia até a padaria com seu pai. Usava uma calça de moletom roxa, camiseta branca e uma blusa de moletom fazendo conjunto com a calça, e claro, o chinelo rosa. Contrariadamente, dava bom dia para a vizinha que àquela hora da manhã já estava sentada em frente a sua casa, esperando qualquer fato acontecer para poder espalhar para o resto da rua. E assim foi, todos os domingos até que eu completasse 12 anos.
Estudava em uma escola particular de minha cidade. “É a melhor escola da região!” dizia minha mãe a todos que estavam dispostos à ouvir “Sim sou professora lá. É por isso que eles estudam lá. Têm bolsa de estudos.” Passava de ano a base de reza, e promessas da minha avó. Nunca fui boa nos estudos. Isso se repetia ano após ano. Com dez anos, na quarta série, fui conhecer quem hoje chamo de melhor amiga. Um ano mais velha que eu, porém na mesma série. Uma japonesinha baixinha, cuja mãe era bancária, sempre muito mimada, porém muito companheira. Uma amiga de verdade.– Descobri isso meio tarde, mas antes tarde do que nunca. Aos treze anos conheci quem chamava de melhor amiga. Alta, loira dos olhos verdes. Mimada também, companheira, ambiciosa, e facilmente influenciável. Até hoje, a considero uma das minhas melhores amigas, mas o título de amiga-irmã, perderá.
Com o passar dos anos, meu pai se tornou uma pessoa amarga, de difícil convivência, me peguei várias vezes pensando em como seria bom se ele e minha mãe se separassem. Minha mãe se tornou mais cansada, incorporou alguns quilos à sua silhueta, e uns fios de cabelos brancos ao seu fino cabelo curto. Meu irmão, perderá a fama de gordinho baixinho. Agora era “o futuro modelo da família”. Não nego, que essa história de modelo me incomodava um pouco, mas depois de algumas discussões percebi que seria melhor para todos nós.
Uma mulher negra, de seios fartos e cabelo enrolado trabalhava em casa, todos os dias. Via mais a empregada do que minha própria mãe, que, como professora, trabalhava o dia todo. A empregada era boazinha, concordava sempre com tudo, e fazia tudo o que queríamos.
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